segunda-feira, 25 de abril de 2011

Resenha Crítica - Narradores de Javé

       Em 2003, Eliane Caffé, a diretora de ‘’Kenoma’’ e de diversos curta-metragens como ‘’ Arabesco’’ (1990) e ‘’Caligrama’’ (1995), lançou ‘’ Narradores de Javé’’, filme reconhecido como um dos melhores do ano 2000. Ganhou dois prêmios, um de Melhor Ator Coadjuvante (Gero Camilo) e outro de Melhor Roteiro Original, no Grande Prêmio Cinema Brasil, 3 prêmios no Festival do Rio, 7 Troféus Calunga , além de  Prêmio Gilberto Freyre no Cine PE - Festival do Audiovisual 2003 e Prêmio da Crítica no Festival Internacional de Friburgo, realizado na Suíça. Mas não para por aí, o filme teve sua première mundial no Tiger Competition do Festival Internacional de Cinema de Roterdã.
            A história começa quando Zaqueu (Nélson Xavier) começa a contar a história do vilarejo onde morava, o desenrolar acontece quando os moradores do vilarejo de Javé se deparam com o anúncio de que a cidade pode dar lugar a uma hidrelétrica. Em resposta a essa notícia devastadora, a comunidade adota uma estratégia: decide preparar um livro contando todos os grandes acontecimentos heróicos de sua história, para que Javé possa escapar da destruição. Como a maioria dos moradores são analfabetos, a primeira tarefa é encontrar alguém que possa escrever as histórias.Ironicamente, esse alguém é Antônio Biá (Jose Dumont) , que havia sido expulso da cidade por inventar histórias sobre a população para manter o correio, que era seu emprego, em uma cidade de analfabetos.
           
O que chama muita atenção no filme,é quando Biá traz que : ‘’ uma coisa é o fato acontecido, outra coisa é o fato escrito’’.Se observarmos a história perceberemos, que outra coisa é o fato falado.As histórias contadas pela população divergiam, cada versão colocava como herói alguém, que se encaixava no mesmo contexto da pessoa que contava. Após essas mudanças faladas Biá queria, ao escrever, incrementá-las,tornando-as menos reais, porém dando uma ideia de maior importância aos fatos,deste modo ele expressa a diferença entre linguagem escrita e linguagem falada, que nos leva a uma discussão: qual é a relação das fontes escritas e orais com a verdade?
            Existe uma charge de Dik Browne, que traz algo similar. Hagar, personagem da tira, fala com seu filho Hamlet, que existem dois tipos de pessoas no mundo, as navegantes e as não navegantes, e quando Hamlet pergunta quem contou isso a seu pai, ele responde que foram os navegantes. A tira, igualmente ao filme, traz a história como fato contado e transforma esse em real, o que não é, necessariamente, a verdade.Afinal, as pessoas encaram a realidade de acordo com suas ideologias.
            E como uma espécie de presente, esse drama tão envolvente e engraçado é, como podemos ver, plurissignificativo nos permitindo um repensar sobre a história e sobre a verdade por trás dela.

Alunos: Marcela Barbosa, Paola Melo, Juliana Motta,
Larissa Guanaes, Pedro Gabriel, Leonardo Dantas e Lucas Lourenço.
Turma: C

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