segunda-feira, 25 de abril de 2011

FONTES HISTÓRICAS: NARRADORAS DO PASSADO

De forma geral o filme aborda a saga de um povoado que para provar as autoridades o valor histórico de sua cidade, classificando-a como patrimônio nacional, tem que associar as prováveis origens da cidade, "juntando-as" de modo escrito, para que não seja destruída pelo governo em prol da construção de uma barragem. A noção de escrever ainda é critério social e racional. A herança da força da palavra é forte no filme.

A fonte escrita era a única Histórica (história enquanto matéria de estudo). Antigos povos sem a escrita eram grupos excluídos e poderiam, através da história e da fonte escrita, fazer vir á tona sua existência, seus valores e sua importância. A escrita era muito poderosa. Agora não é mais assim. Hoje, a noção de fonte é muito mais ampla e mais abrangente: fontes são fontes orais, memoriais, escritas, visuais etc. Mas a história pode servir como instrumento para beneficiar grupos dominantes, como acontece no filme. Há um tipo de manipulação no fato de que sem uma história / uma fonte escrita, os moradores de Javé não poderiam comprovar a sua existência. Logo, não tinham justificativas para mostrar que aquele espaço era “deles”, diga-se de passagem. E acontece que o povo é OBRIGADO a se retirar.

No filme, a história das origens contadas de geração em geração são as fontes orais essenciais para constituir a futura fonte escrita que tentará salvar o povoado. A população decide escrever a "grande história do Vale de Javé". António Biá é responsável por juntar, de forma escrita, tudo o que for de importante na história do vale para provar para as autoridades o porquê que Javé tem que permanecer. No filme , assim como na realidade, as fontes orais foram, na maioria das vezes, dialéticas - opostas entre si. Sempre existia mais de uma história, o que dificultou para passar para a veracidade da fonte escrita. Segundo Antônio Biá, “Há histórias muito bem contadas e ouvidas, mas nunca escritas”. Com isso, conclui-se que a escrita é de fundamental importância para a valorização de um povo ou patrimônio.

A história (enquanto matéria de estudo) começou com a memória, mas perdeu espaço para o documento escrito, sendo atribuído com mais veracidade, diga-se de passagem, do que as falas, lembranças que são estáveis e que podiam se tornar ideológicas. No caso do filme, se tornam ideológicas em algumas situações. A questão é que tanto a fonte escrita quanto a fonte oral são importantes, pois a oral constitui a escrita. Não existe sociedade mais avançada pelo fato de ter escrita. Não pode existir esse estereótipo de que as sociedades que não usam a escrita e sim a memória são mais antigas do que as que usam. O povo ele não pode utilizar a escrita por opção e ser desenvolvida. Isso é uma visão etnocêntrica. É o que acontece no filme.

JOÃO VITOR DE JESUS SANTOS    
MARIANA COZZA                             
SULI SILVA                                     
ÉRIKA CARNEIRO      

Turma : A

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